sábado, 7 de abril de 2007

VII. ARTIGOS PUBLICADOS

Aqui ficará o texto de alguns artigos com orientação CIDiCi Bio - PIESC publicados em Jornais e Revistas

-Artigo publicado no Jornal Gazeta do Oeste de 13 de setembro de 2006, quarta-feira-

A Biologia e o SUS dos Ricos e o SUS dos Pobres.
Professor Rapôso
( Publicado no Jornal Gazeta do Oeste, Quarta-feira, 13 de setembro de 2006 )
A primeira vista, parece difícil encontrar conteúdos curriculares programáticos da disciplina Biologia, a nível de Ensino Médio, que possam ser transversalizados e/ou contextualizados com o tema SUS - Sistema Único de Saúde. Esta dificuldade é aparente: quase todo conteúdo curricular de Biologia, como podemos constatar pela relação de temas abaixo, pode e deve, em nossas aulas diárias, estar associado com a problemática do SUS. O que não é aconselhável é o Professor parar a sua aula, abandonar os conteúdos curriculares de Biologia, para “falar” ou fazer uma conferência sobre a estrutura do SUS, pois somos professores de Biologia e não especialistas em SUS. É óbvio, também, que o Professor deve limitar a sua contextualização sobre assuntos que ele domine, bem como procurar obter esclarecimentos sobre o funcionamento do SUS. Por esta razão, estamos enumerando ( não em ordem de importância ), para aqueles que não estejam familiarizados com a estrutura do SUS, alguns dos graves e sérios problemas que, resolvidos, transformarão inexoravelmente o SUS no melhor e mais completo Plano de Saúde que existe no Brasil, se é que já não o é mesmo com todos os seus problemas.
O primeiro grande problema do SUS é de ordem geral: todos nós sabemos que o SUS é uma instituição socialista encravada num regime capitalista. Marx, no Manifesto Comunista, já denuncia o caráter cruel da burguesia ao afirmar: “ A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades até então reputadas veneráveis e encaradas com piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio fez seus servidores assalariado.” A solução deste problema está associada a modificação radical da sociedade, sendo um problema que teremos que aprender a conviver com ele por muitos e muitos anos ainda.
O segundo grande problema do SUS é de ordem institucional, decorrente de sua implantação: o SUS municipalizou a Saúde mas deixou com pouca clareza de quem seria a responsabilidade de algumas tarefas: se municipal, estadual ou federal. Acreditamos que este problema será resolvido a medida que o tempo for passando e provocando os ajustes corretos de acordo com a experiência obtida no processo de implantação.
O terceiro problema do SUS é o seu gigantismo: é gente demais para ser atendida; são profissionais demais para serem comandados; é um patrimônio enorme para ser administrado. Alguns Planos de Saúde que cresceram muito já estão sentindo a gravidade deste problema. Porém, este é um problema técnico/ burocrático que vontade política dos governantes e gestores da saúde podem resolver a contento.
Como quarto problema citamos a falta de compromisso dos funcionários do SUS, de todos os níveis, com a sua clientela. O povo é mal atendido, filas e esperas descabidas, demora nos serviços. Este é o problema que mais desagrada e humilha a população. A sua solução, porém, é educacional. Campanhas, tanto interna, dentro dos hospitais e postos de atendimento, quanto na mídia televisionada, objetivando melhorar a qualidade do atendimento, contribuiria positivamente para a solução deste problema. A Escola pode contribuir como parceira, levando orientações, via aluno, para a população.
Como quinto problema citamos os desvios, para não dizer a roubalheira generalizada. Este é um problema policial mas também é um problema político: deve-se exigir dos gestores da saúde transparência nas suas atividades. Evitar a roubalheira, em qualquer país do mundo, é tarefa muito difícil: diminuir a impunidade já seria um grande passo.
O sexto problema pode ser a falta de esclarecimento da população. A maioria das pessoas jamais ouviu falar em Plano Nacional de Saúde nem em Conselho Municipal de Saúde e não tem a mínima idéia de como funciona o SUS. Aqui, nós Professores, jogamos um papel importante: podemos, sem fugir dos nossos conteúdos, levar esses esclarecimentos para a população, e, através dos nossos alunos, que são também população, atingir a comunidade.
Por fim, o problema que motivou o título de nosso artigo: a existência hoje de dois SUS, o dos ricos e o dos pobres. O que significa isso ? É o seguinte. O SUS tem diversos níveis de atendimento que do mais simples ao mais complexo seria assim: 1º- a ATENÇÃO BÁSICA; 2º- a ATENÇÃO AMBULATORIAL ESPECIALIZADA; 3º - a ATENÇÃO HOSPITALAR; 4º - a URGÊNCIA e a EMERGÊNCIA e 5º - o TRANSPLANTE DE ÓRGÃO E TECIDOS. Como se vê na seqüência, o nível de complexidade das linhas de atenção a saúde do SUS vão aumentando. E, com o aumento do nível de complexidade aumentam também os custos. Pois bem, a população pobre tem acesso com mais facilidade ao primeiro nível, que é o nível básico e que pretende, de acordo com o Plano Nacional de Saúde atender a 80% da demanda. Neste nível encontra-se o PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA atuando na HANSENÍASE, TUBERCULOSE, PRÉ-NATAL, HIPERTENSÃO, DIABETE, CONSULTA CLÍNICA e outros. Do nível 2 em diante, torna-se mais difícil o acesso da população mais humilde, complicando-se imensamente a partir do nível 3º. E, com relação aos níveis mais complexos, a população nem sequer sabe que tem direito a esse atendimento. Daí dizer-se que existe o SUS DOS POBRES que é o atendimento referente ao nível 1º e 2º e o SUS DOS RICOS, com o atendimento de nível 3º, 4º e 5º. Isto porque, como o atendimento nos níveis mais altos é mais caro, e, na maioria das vezes, até mais especializado do que os serviços particulares, esse atendimento pelo SUS é limitado: aí o rico que tem mais influência e relações pessoais do que o pobre, tem mais acesso e consegue furar as filas através do seu prestígio pessoal.
SUGESTÕES PARA QUESTIONAMENTOS
1º ANO: Citologia - Divisão Celular: associar com câncer ; Embriologia: associar com cuidados a gestante; Histologia - Tecido Glandular: associar com Programa do Leite Materno; Bioquímica Celular - Açucar : associar com Diabetes;
2º ANO: Vírus: associar com consultas no SUS e VIROSE como diagnóstico: Reino Monera- Bactérias: associar com infecção Hospitalar e uso indevido de antibiótico; Reino Protista: associar com protozooses e saneamento básico ; Sistemas Fisiológicos - Sistema Locomotor: associar com deficientes físicos e fisioterapia; Sistema Digestivo: associar com Endoscopia e exames clínicos; Sistema Respiratório: associar com tuberculose, asma e campanha vacinação dos velhos; Sistema Circulatório: associar com cirurgias do coração; Sistema nervoso: questionar o atual modelo assistencial psiquiátrico; Sistema Excretor: questionar transplante de Rins e Hemodiálise; Sistema Endócrino: questionar cirurgia de Tireóide;
3º Ano: Ecologia - Poluição: associar com assistência as infecções respiratórias ; Genética: associar com transfusões e doação de sangue - Hemocentro.

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